Resgatar e valorizar outros pilares éticos O Bom Viver

Documento de trabalho Para o Ateliê Internacional Biocivilização para a Sustentabilidade da Vida e do Planeta Rio de Janeiro, 9 a 12 de agosto de 2011 tendo em vista a Conferência Rio+20

Ricardo Jiménez, agosto 2011

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Resumo :

Que fundamentos filosóficos,éticos e políticos?

proposto pelo Fórum por uma Nova Governança Mundial

Entramos na crítica encruzilhada histórica atual com uma alentadora constatação de resistência e proposta dos povos. As culturas ancestrais dos diversos povos da Ásia, Oceania, África e América Latina têm apresentado um permanente desafio prático e teórico às concepções do suposto desenvolvimento histórico, linear e crescente da humanidade, próprias da modernidade primeiramente eurocêntrica e depois norteamericana, que as tinham condenado à inexorável superação ou extinção, como vestígio

caduco do arcaico e sobrevivência do atraso.

Neste paradoxo do supostamente arcaico e atrasado na teoria, mas que aparece

empiricamente, demostrando novidade e vigência, projeta-se parte da necessidade atual da humanidade por desenhar novas formas de conhecimento e entendimento que questionem, permitam desconstruir e superem os pilares hoje em crise da civilização hegemônica.

É essa mesma crise múltipla, integral, a que gera condições materiais objetivas que permitem olhar como vigentes e ameaçadores os saberes alternativos de outras culturas que emergiram de maneira paralela, separada e diferente, que chegaram a ser altamente desenvolvidas.

Ainda que nelas tenham existido relações de dominação e conflito, estas eram de um caráter muito diferente às da Europa ocidental e dos Estados Unidos, e ocupavam um lugar secundário sob a hegemonia de princípios de regulação social que reuniam a justiça social e ambiental como suporte da harmonia e equilíbrio do mundo e do cosmos.

Superando dificuldades epistemológicas diversas e complexas, o conhecimento destas realidades é crescente e já não é fácil subestimá-lo. A humanidade toma consciência, por exemplo, do fato objetivo e crucial de que as maiores reservas de biodiversidade do planeta foram conservadas por vários destes povos supostamente “bárbaros” e “incivilizados”, apesar e na contramão do “civilizado” o progresso científico do ocidente moderno, que quase com segurança teria exterminado essas reservas de vida, se tivesse podido fazer uso delas.

Além disso, enquanto os povos originários conseguiam com sua resistência conservar este tesouro de esperança vital para toda a humanidade, ao mesmo tempo o ocidente moderno civilizado criava os horrores atômicos, químicos e bacteriológicos que poderiam exterminar a vida humana por completo, ou ao menos danificá-la irreparavelmente.

Criar condições para facilitar este movimento de descolonização epistemológica e ética para recuperar de maneira útil os acervos culturais dos povos do mundo constitui uma tarefa teórica de primeira ordem política, que já está em marcha, mas insuficiente ainda, à que devem ser destinados esforços, conscientes de que estes novos ou renovados enfoques éticos necessariamente devem ser incorporados no processo de trânsito e superação civilizatória.

Fontes :

Portal Rio+20 Construindo a cupula dos povos Rio+20 rio20.net