Água: bem público, gestão privada?

Os problemas resultantes da escassez da água ainda podem ser minimizados se começarmos a economizá-la. A poupança, obviamente possível por vários meios, pode-se enquadrar no que hoje em dia se designa por «responsabilidade social», das organizações mas, essencialmente, dos cidadãos. O primeiro texto alerta para a crescente importância da indústria da água nos países industrializados, para o facto da gestão deste bem da natureza representar um valor aliciante para a iniciativa privada, que tem nas concessões uma forma de apropriação. As parcerias público-privadas não são mais do que o início da privatização de um bem comunitário. A ineficiência do serviço público, o seu défice de organização, a sua falta de produtividade, são alguns dos indicadores que tentam justificar a transição. No segundo texto surge uma reflexão sedimentada na larga experiência de João Bau à frente da EPAL e das Águas de Portugal. Manifestando-se abertamente contra a «neoliberalização do sector», o autor opõe o «direito à água», à sua «mercantilização», uma opção que não se tem mostrado eficaz para resolver os problemas das populações mais desfavorecidas, em especial nos países em desenvolvimento. Refere mesmo exemplos de multinacionais do sector que estão em situação económica difícil ou que não prestam um serviço de qualidade e que, por isso, têm visto as suas concessões denunciadas, quer na Europa, quer nos EUA ou em países da América Latina.