Revista Economia Solidária 7. As questões de género na economia solidária e os desafios da economia feminista

aceesa - Associação Centro de Estudos de Economia Solidária do Atlântico, Portugal

Sob a direcção de Rogerio Roque Amaro, dezembro 2014

Download : PDF (1,6 MiB)

Resumo :

As tomadas de posição e as iniciativas para identificar e combater as discriminações, as subordinações e a invisibilização das mulheres nas sociedades e na economia em geral, começaram a ganhar expressão pública no século XIX, focalizadas, nessa altura, essencialmente na luta pelo sufrágio das mulheres e, portanto, pela conquista do direito ao voto. Mais tarde também pelo direito ao trabalho e de iguais direitos no trabalho.

Segundo algumas interpretações, Charles Fourier, um dos autores de referência da Economia Social do século XIX, francês, conhecido pelas suas ideias e propostas da corrente filosófica do Socialismo Utópico, criador da experiência utópica dos Falanstérios, foi um dos primeiros a usar a expressão «feminismo», em 1837.

As correntes feministas conheceram depois várias tendências e expressões, falando-se normalmente de três grandes vagas, com enfoques diferenciados: a primeira, no século XIX e princípios do século XX, centrada nas lutas referidas acima, a segunda,nos anos 1960 e 1970, mais alargada às várias frentes da conquista da igualdade legal e social para as mulheres, e a terceira, desde os anos 1980 até à actualidade, dando continuidade às lutas anteriores, mas cruzando-as com as novas problemáticas da defesa da diversidade das orientações sexuais, da ecologia, da alterglobalização ou dos processos económicos alternativos.

Historicamente, a Economia Social e, mais recentemente, a Economia Solidária, por um lado, e o Feminismo, por outro, andaram, no essencial, afastados, sem ligações e abordagens conjuntas, o que não deixa de ser estranho, atendendo aos objectivos e aos princípios históricos da Economia Social e da Economia Solidária.

E, de facto, a Economia Solidária, com as suas inovações e desafios teóricos e práticos, contém um grande potencial para a abordagem simultânea e integrada das questões das discriminações económicas, sociais, ambientais, culturais, territoriais, cognitivas, políticas e de género, permitindo perspectivar a sua resolução conjunta, sem portanto considerar a questão da Mulher como um tema à parte.

No primeiro artigo, três autoras que têm trabalhado nestes temas, Isabelle Hillenkamp, Isabelle Guérin e Christine Verschuur, analisam as convergências, possíveis e necessárias, entre Economia Solidária e as Teorias Feministas.

No segundo, as especialistas Madeleine Hersent e Isabelle Guérin, abordam, numa perspectiva internacional, o papel das Mulheres nas iniciativas de Economia Social e Solidária, sublinhando o seu peso e a sua importância em diferentes funções.

No terceiro, Fernanda Wanderley, professora universitária na Bolívia, estuda as lógicas associativas, como solução de auto-emprego, para as mulheres bolivianas em meio urbano.

No quarto, Magalie Saussey, investigadora a preparar um pós-doutoramento na Bélgica, identifica as condições e alguns exemplos de acção colectiva e solidária, na resolução das questões de género no Burkina Faso.

No quinto, Margarita Barragán, socióloga feminista equatoriana, discute o papel da Economia Solidária no Equador, tendo em conta a sua evolução política e a emergência do conceito de Buen Vivir, a partir de uma perspectiva feminista crítica.

Finalmente, e como é hábito na Revista, publica-se um trabalho académico, neste caso da doutoranda em Estudos Africanos/ Economia Solidária, no ISCTE-IUL (Lisboa), Joana Guedes, Mestre em Economia Social e Solidária, sobre a Economia Informal e os sistemas de crédito popular solidário na África Lusófona (texto essencialmente de enquadramento teórico à tese).

ÍNDICE

Bloco Temático

  • Economie solidaire et théories féministes : pistes pour une convergence nécessaire de Isabelle Hillenkamp, Isabelle Guérin, Christine Verschuur

  • Une approche internationale des initiatives de femmes dans l’ESS de Madeleine Hersent, Isabelle Guérin

  • El autoempleo y la asociatividad en Bolivia. Vías asociativas para la inserción laboral de mujeres en el área urbana de Fernanda Wanderley

  • Women’s collective action, solidarity and gender in Burkina Faso de Magalie SAUSSEY

  • La Economía Solidaria en Ecuador: entre la Colonialidad del Poder y el Buen Vivir Desde una mirada feminista crítica de Margarita AGUINAGA Barragán

  • Economia informal e experiências de crédito solidário popular na África lusófona de Joana Guedes, Rogério Roque Amaro

Fontes :

aceesa - Associação Centro de Estudos de Economia Solidária do Atlântico, Portugal

Veja também